Como Avaliar na Educação Infantil?

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Avaliar é medir?

Na Educação Infantil, quando pensamos em Avaliação muitas dúvidas aparecem.

Muitos professores entendem que devem avaliar as crianças com o objetivo de “medir” suas aprendizagens e a partir desse entendimento promovem exercícios diagnósticos para identificar essas aprendizagens e assim avaliar com expressões do tipo: teve bom desempenho, alcançou todos os objetivos, consegue fazer ou, não consegue, ainda não alcançou, não escreve, não anda, não fala, não isso, não aquilo…

Partir desse ponto de vista para avaliar bebês e crianças pequenas é um grande equívoco. Sabe por quê?

Principalmente porque esse tipo de avaliação não é coerente com as propostas da Educação Infantil. Ao observarmos as Diretrizes – DCNEI e a BNCC, podemos compreender de qual criança e de qual concepção de avaliação estamos falando.

Esses documentos que são a base de todas as propostas de creches e escolas trazem uma concepção de avaliação coerente com a criança que trabalhamos. Essas concepções falam de uma criança que é capaz de aprender, uma criança potente, ativa, aparelhada para viver experiências, construir relações e a própria aprendizagem, cada uma a seu modo e seu tempo.

Uma criança que deve ser observada e retratada em todo seu potencial, durante todo o processo, não somente no final.

É preciso olhar para as conquistas das crianças e romper com esse modelo da incompetência, da falta, da falha.

Principalmente porque essas concepções de criança protagonista nos ajudam a parar de pensar na infância sempre como o lugar da falta, o lugar do não saber ainda. Alguns professores, ao dizer de suas crianças, especialmente aquelas que nos exigem mais, as que chamamos de difíceis, usam sempre palavras que exprimem essa falta.

Esses exemplos falam bem disso: Fulano ainda não sabe escrever os números, não cumpre os combinados, não sabe se comportar em grupo, não senta na roda. Ainda precisa da ajuda de um adulto, é agressivo e não chega no horário.

O que isso acrescenta na vida escolar de uma criança? Qual a necessidade de marcar isso em um documento como um relatório?

Essas questões dizem respeito à aprendizagem da criança ou à necessidade de rever a ação dos adultos?

De acordo com a BNCC, Base Nacional Comum Curricular, a avaliação deve ser realizada com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento da criança e apontar novos caminhos possíveis para o planejamento, sem destinar-se jamais à promoção. Na Educação Infantil não devem ser utilizadas práticas de verificação da aprendizagem, como provas ou mecanismos de retenção.

Dessa maneira, utilizar a avaliação como fim do processo educacional pode trazer consequências irreversíveis ao processo escolar de uma criança. Avaliação na Educação Infantil deve fazer parte do cotidiano, do planejamento, da vida diária do professor com o grupo.

A necessidade de um modelo disruptivo de avaliação na educação infantil

 Como romper com esses modelos “medidores de aprendizagens” que são importados do ensino fundamental? Estudando, refletindo, aprendendo e construindo novos olhares para a sua prática e principalmente, para as crianças. É preciso enxerga-las como sujeitos em sua inteireza, como sujeitos de direitos.

Todas as crianças tem o direito de aprender. É dos professores e gestores das creches, escolas e instituições de Educação Infantil a responsabilidade da criação e organização de procedimentos para uma avaliação processual e disruptiva.

Faz-se necessária a observação crítica, reflexiva, criativa e contínua, além da criação e utilização de instrumentos variados de registros e documentação, tais como: marcas, desenhos, fotos, áudios, vídeos, escritas, portfólios, relatórios, coletâneas, documentações pedagógicas, álbuns, entre outros.

Se ainda tiver dúvidas sobre avaliação, deixe aqui abaixo nos comentários.