CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS

Tempo de leitura: 5 minutos

O que quer dizer esse campo de experiências: CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS? Na infância e portanto na Educação Infantil, o corpo das crianças ganha centralidade, pois ele é o universo privilegiado de toda aprendizagem. E na escola é o ponto de partida das práticas pedagógicas de cuidado físico, orientadas para a emancipação e a liberdade, e não para a submissão.

Esse campo destaca experiências em que gestos, posturas e movimentos constituem uma linguagem com a qual a criança se expressa, comunica e aprende sobre si e sobre o mundo social e cultural.

Fica quieto, menino!

Há tempos foi construída uma ideia de corpo como um elemento importante mas que “atrapalha” a educação. Não é raro ainda ouvirmos que a criança não para quieta, que mexe demais, não fica sentada para ouvir histórias e por aí vai… A criança que não fica sentada na roda e se mexe sem parar ainda incomoda o adulto, enquanto a que fica quieta num canto no pátio, sem participar das brincadeiras não incomoda tanto. Por que isso acontece?

Porque nessa perspectiva, trabalha-se muito mais a ideia de contenção e disciplinamento do corpo! O adulto espera que a criança fique quieta, “se comporte”! E quando se fala de aprendizagens mais formais, tem a tal da “pega” no lápis, a imobilidade para sentar e escrever, além das habilidades de “bons modos” que são para meninas e outras, geralmente que envolvem mais a “força física” para meninos. Há professores que se desgastam muito tentando disciplinar as crianças. E com tanta tensão, não há como construir relações de confiança. As crianças sentem-se incompreendidas e o adulto, um incompetente por não conseguir contê-las.

Bebês e crianças pensam com o corpo

Ao superar essas posições, quando entende-se como é o desenvolvimento corporal dos bebês e crianças e como pode-se construir um cotidiano fundamentado na criança, minimizam-se os conflitos que criam tensão na relação entre a professora que quer “disciplina” e crianças que necessitam expressar-se por meio do corpo. Bebês e crianças pensam e agem com o corpo. É preciso olhar com profundo respeito para esse corpo em ação, perceber o que as crianças comunicam por meio da linguagem corporal e criar desafios a partir daí.

E na prática?

Nesse campo, entendemos o quanto o corpo e os movimentos são elementos privilegiados na aprendizagem e portanto, nas práticas pedagógicas planejadas a partir das interações e brincadeiras. Planejar ambientes e materiais que favoreçam a ação da criança e o tempo para as explorações, é fundamental, esses elementos organizadores da prática pedagógica são ponto de partida das sugestões que seguem:

Na prática com bebês e crianças de 0 a 2 anos: práticas de cuidados, circuito Pikler, cestos com objetos que estimulem pesquisas e movimentos, bandejas sensoriais e experiências na natureza são excelentes para essa meninada!

-Na prática com crianças de 2 a 5 anos: cuidar da saúde e bem estar, construir atitudes de respeito a diversidade, interagir nos circuitos motores, nas experiências sensoriais com diferentes elementos da natureza, criar momentos de dança, dramatizações e muitas brincadeiras.

Por meio dos momentos de atenção pessoal, como o sono, alimentação, entre outros e das diferentes linguagens, como a música, a dança, o teatro, as brincadeiras de faz de conta, bebês e crianças se comunicam e se expressam no entrelaçamento entre corpo, emoção e linguagem.

Esse campo também exalta as experiências das crianças em situações de brincadeiras, nas quais exploram o espaço com o corpo e as diferentes formas de movimentos. A partir daí, elas constroem referenciais que as orientam em relação a aproximar-se ou distanciar-se de determinados pontos, por exemplo. Corpo, Gestos e Movimentos refere-se a um campo de experiências que dialoga com todos os outros e se complementa por meio de ações intencionalmente organizadas.

5 dicas para Professoras(es) da Infância

  1. Estudar, conhecer bem sobre o desenvolvimento da criança e exercitar diariamente uma escuta atenta e um olhar sensível para acompanhar as crianças em suas interações, curiosidades e descobertas. A prática de estudos e o exercício ajudam a observar, escrever, refletir, planejar e agir com intencionalidade pedagógica.
  2. Construir e fortalecer os vínculos afetivos acolhendo as crianças em todos os momentos. Agir com delicadeza e sem pressa no contato com a criança em momentos de cuidados, observando com interesse suas reações, dizendo a ela o intuito da ação que está mediando (“agora vamos vestir a calça ”) enquanto aguarda sinal de que ela está disponível para participar da ação.
  3. Romper com a ideia de corpo contido e abrir-se para as experiências onde a linguagem corporal revela aprendizagens. Preparar o ambiente interno e externo da instituição  de modo que as crianças possam explorá-los, por exemplo, transformando uma mesa em túnel,   brincar com caixas grandes de papelão ou construir cabanas.
  4. Compreender o corpo em movimento como instrumento expressivo e de construção pela criança de novos conhecimentos de si, do outro e do universo, sem interpretá-lo como manifestação de desordem ou indisciplina.
  5. Viver um cotidiano simples e verdadeiro na escola, com intencionalidades e sentidos. E lembrar de oportunizar a ação da criança. Ela está em primeiro lugar na escola, sempre.

Vamos continuar nossa conversa sobre os Campos!  Nesse outro texto falei sobre o campo de experiências EU, o OUTRO e o Nós, clique para conhecer!

 E se quiser saber mais sobre a BNCC na Educação Infantil, vem que eu te ajudo!