TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS

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Esse campo de experiências privilegia as explorações que a criança faz nos ambientes acolhedores, investigativos, interativos que devem estar presentes nas institiuições de Educação Infantil. Possibilita viver de forma criativa as experiências com o corpo, voz, instrumentos musicais e paisagens sonoras, materiais de artes plásticas e gráficas que alimentam percursos expressivos ligados a música, dança, artes, teatro, literatura e as práticas culturais.

Práticas culturais na Educação Infantil

Vivemos num mundo onde a intervenção de sons e imagens  permeiam nosso cotidiano e isso reflete na construção de um senso estético, que toca nossa sensibilidade  e que deve ser estimulado na escola  por meio da organização de ambientes favoráveis a criação e expressão das crianças. Considerando os elementos culturais, as regionalidades e especificidades locais, todas as instituições urbanas, escolas do campo, de assentamentos, indígenas, escolas em localidades ribeirinhas ou litorâneas, quilombolas, entre outras, devem oferecer as melhores maneiras de viver o cotidiano a partir daquela realidade, valorizando sua cultura e as manifestações locais.

Esse é um campo de experiências fabuloso, que estimula as experiências com a arte, a música, sons, instrumentos, fotografia, pintura, literatura, escultura, dança, teatro e demais linguagens da expressão humana, ampliando vivências estéticas e culturais de crianças e professores, desenvolvendo sua inventividade, criatividade, sensibilidade e expressão pessoal, afirmando sua identidade pessoal e coletiva. Um campo muito potente, onde os pequenos podem vivenciar experiências complementares com outros campos, se comunicam e se relacionam por meio de múltiplas linguagens.

Em resumo, as experiências que se entrelaçam no campo dos Traços, sons, cores e formas contribuem para que, desde muito pequenas, as crianças desenvolvam senso estético e crítico e se expressem livremente. Além de ter possibilidades de construir um profundo contato com suas raízes culturais, o conhecimento de si mesmas, dos outros e da realidade que as cerca.

E na prática?

Com base nessas experiências, as crianças tem a oportunidade de se expressar por várias linguagens, criando suas próprias produções artísticas ou culturais, exercitando a autoria (coletiva e individual) com sons, traços, gestos, danças, mímicas, encenações, canções, desenhos, modelagens, manipulação de diversos materiais e de recursos tecnológicos.

-Na prática com bebês e crianças de 0 a 2 anos: experiências sensoriais, estéticas, criativas e sonoras. Faz de conta, bandejas sensoriais, experimentos. Contato, experiências e produções com elementos da natureza.

Na prática com crianças de 3 a 5 anos: experiências criativas, sensoriais, estéticas, sonoras, audiovisiais, digitais, multimídias e todas as possibilidades de interação com as produções culturais e artísticas locais e mundiais. Vivenciar a potencialidade expressiva da infância por meio das múltiplas linguagens que abraçam esse campo.

5 dicas para Professoras(es) da Infância:

  1. Estudar, conhecer bem sobre o desenvolvimento da criança e exercitar diariamente uma escuta atenta e um olhar sensível para acompanhar as crianças em suas interações, curiosidades e descobertas. A prática de estudos e o exercício ajudam a observar, escrever, refletir, planejar e agir com intencionalidade pedagógica.
  2. Planejar situações que incentivem a elaboração de imagens, símbolos, narrativas e conteúdos vindos das próprias crianças, Criar situações de exploração de sons, cheiros, densidades, texturas e colorido de certos materiais, de gestos marcando traços em uma perspectiva de brincar com retas, curvas, espirais, construções, utilizando diferentes suportes e materialidades, são  ponto central no cotidiano da Educação Infantil.
  3. Dar a oportunidade para a criança viver experiências de forma criativa com a voz, instrumentos sonoros e materiais gráficos, de modelagem e construtividade, além de vivências com a literatura, dança e a dramatização.
  4. Explorar recursos tecnológicos, audiovisuais e multimídia presentes no cotidiano  da escola e das comunidades em que as crianças realizam produções onde exploram sons, traços e imagens.
  5. Viver um cotidiano simples e verdadeiro na escola, com intencionalidades e sentidos. E lembrar de oportunizar a ação da criança. Ela está em primeiro lugar na escola, sempre.

Importante!!!

Ainda é comum adultos rejeitarem a produção e estética infantil interferindo nas expressões das crianças. Há ainda professoras(es) que insistem na utilização de materiais do tipo E.V.A e matrizes prontas de desenho, há ainda atividades em que as crianças produzem e o adulto recorta na forma que deseja, para dar “acabamento”, há também aquelas que pensam que bebês e crianças pequenas não produzem arte e “carimbam” de forma invasiva, as mãos e pés dos pequenos, que se transformam em qualquer tipo de coisa que o adulto queira imprimir. Essas posturas revelam as concepções que esses adultos possuem sobre a criança e a educação infantil. Quando um adulto interfere numa produção infantil ele demonstra que não acredita nessa criança. Acha que ela é incapaz, que tem que ajudar ou até que precisa fazer por ela, afinal, ela não sabe.

Aqui estamos refletindo sobre o trabalho docente fundamentado em um currículo organizado por meio dos campos de experiências onde está implícita a ideia de criança protagonista e dos direitos de aprendizagem que elas possuem. Portanto, as condutas e propostas pedagógicas esperadas são as que valorizam a ação da criança, sua atividade, expressão e pensamento. Que consideram a criança ativa, competente, construtora de sua própria aprendizagem apoiada em um adulto igualmente competente, que crê na criança em toda sua potencialidade.

Vamos continuar nossa conversa sobre os Campos!  Nesse outro texto falei sobre o campo de experiências EU, o OUTRO e o Nós https://fernandaclimaco.com.br/eu-o-outro-e-o-nos/, e aqui sobre O Corpo, Gestos e Movimentos,  https://fernandaclimaco.com.br/corpo-gestos-e-movimentos, clica para conhecer!

  Vem que eu te ajudo!