As experiências da educação infantil não cabem numa folha de papel

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A criança nasce com altas capacidades para aprender e não necessita perguntar nem ter a permissão do adulto para começar a aprender. Sua aprendizagem é produto de uma atividade cooperativa e comunicativa, na qual os pequenos são agentes ativos que constroem o conhecimento e também (re)criam significados do mundo, com os adultos e com outras crianças. Esse é um dos fundamentos que complementam a concepção de criança que consta nos documentos, projetos e diretrizes educativas das instituições de educação infantil do nosso país. Isso implica na superação da visão de criança passiva e dependente ainda resiste em algumas posturas docentes. Vamos concentrar as reflexões no planejamento dos elementos organizadores da prática pedagógica na concepção pedagógica que possui em sua centralidade os bebês, as crianças e suas infâncias.

As experiências das crianças não cabem numa folha de papel

Essa concepção de criança potente e ativa sugere uma postura oposta ao planejamento de atividades em que as crianças são guiadas em suas ações. o Prof. e criancista, Altino Martins nos afirma que as experiências vivenciadas na educação infantil produzem apredizagens que não podem ser traduzidas em um papel ou em atividades em folhas xerocadas com ações pré-determinadas. Menos folha A4 e mais vivências! Diante disso, faz-se necessária a construção de uma nova postura do adulto, de um professor da infância que acolhe a diversidade, compreende seu grupo, planeja com intencionalidade as ambientações e organiza o tempo de uma forma mais continua, menos fragmentada, com materiais provocadores da atividade infantil.

As experiências das crianças não se reduzem a objetivos de aprendizagem

O currículo não se resume a uma lista de objetivos a serem vencidos. Nesse sentido, uma leitura mais atenta da BNCC indica que os Direitos de Aprendizagem são o foco, não os Objetivos. Muitas(os) professoras(es) acreditam que exercícios em folhas, reproduções e livros didáticos ajudam a sistematizar e a evidenciar as aprendizagens das crianças. Creem que por meio desses instrumentos conseguem ver e prestar contas(!) para as famílias sobre o que a criança alcançou e o que ainda não alcançou na lista dos objetivos próprios de cada idade. Ora, essa afirmação contradiz as especificidades da educação infantil, viola os direitos de aprendizagem das crianças e deturpa as concepções postas nos documentos legais.

Diante disso, o planejamento e as propostas não devem se reduzir ao cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento e Aprendizagem que são sugeridos na BNCC, devem levar em conta a intencionalidade pedagógica e priorizar a garantia dos Direitos de Aprendizagem. Devem ser contextualizadas a partir do real, do que se percebe, do que os bebês e crianças pesquisam em articulação com os Campos de Experiências. E mais, essa forma de conduzir os processos na educação infantil, precisa ser compartilhadas com as famílias, com a sociedade que ainda não compreende a criança e as práticas na educação infantil que consideram bebês e crianças como sujeitos de direitos.

Bebês e crianças como ponto de partida do planejamento

O alvo é esse! Nos currículos e propostas educativas as crianças e seus interesses devem ser sempre o ponto de partida do trabalho pedagógico no cotidiano das intituições. Diante disso, planejar inclui escutar a criança para poder desenhar uma ação que amplie suas possibilidades de produzir significados. Mas como fazer? Não tem receita, jeito certo ou modelo perfeito a ser seguido. Em contrapartida, pode-se observar e começar a fazer perguntas sobre o que se vê nas investigações da meninada e construir possibilidades e respostas a partir dessas ações das crianças. No link abaixo, há apontamentos em um outro artigo que escrevi que pode ajudar a planejar a partir dessas concepções reafirmadas pela BNCC: https://fernandaclimaco.com.br/planejamento-na-bncc/

É papel do professor identificar como estão acontecendo as relações entre as crianças, com os materiais e ambientes e identificar como é o tempo dessas investigações, como passar de um momento ao outro, como estão vivendo e se desenvolvendo no cotidiano.

Não planeje atividades, planeje contextos

Diante de tantos desafios, faz-se importante garantir momentos de brincadeiras livres e interações, observar interesses e planejar contextos que considerem tempos, espaços, materialidades e transições. Esses devem ser os elementos organizadores de uma prática pedagógica que considera a criança e seus direitos de aprendizagem.

Por fim, direcione seu olhar, escute verdadeiramente, exercite a observação, produza registros, reflita sobre eles e construa novas perguntas. Sobre registros e comunicações, vamos conversar posteriormente. E nesse ciclo, lembre-se: bebês e crianças sempre no foco.

Se quiser saber mais sobre educação infantil já sabe, vem que eu te ajudo!