Tempo de leitura: 3 minutos
Em minhas ações educativas como professora da Educação Infantil e formadora docente, enxergo a experiência cultural como uma oportunidade de aprendizagem. Nesse sentido, sempre busquei favorecer a apropriação de saberes e o desenvolvimento da imaginação a partir de elementos que sejam significativos, que aproximem os alunos de nossa cultura e que possam se constituir em memórias afetivas, cognitivas e/ou simbólicas. Para isso, nada melhor do que experienciar, criticamente, a cultura em seus diferentes aspectos.
Mas nem sempre foi assim…
No início da profissão, me via dividida entre obrigações curriculares que guiavam as práticas em torno de datas comemoradas pela escola e a vontade de entender mais sobre o que estava sendo comemorado. E comecei a questionar, problematizar e a descobrir, com meus alunos e colegas de profissão, o sentido das festividades e das datas comemorativas na escola. A partir daí, as ações passaram a ser mais refletidas e planejadas coletivamente a fim de trazer significado e aprendizado para toda a comunidade escolar. Sigo aprendendo muito com a nossa cultura popular.
Incluir práticas culturais na escola significa romper com ações educativas pouco críticas e padronizadas em torno de datas comemorativas e repensar qual o sentido da cultura na escola. Basta lembrar como vivenciamos, como alunos, o Dia do Índio, por exemplo. Qual o sentido de pintar o rosto e, dessa forma, reforçar conceitos carregados de ideias discriminatórias e estereotipadas? É assim que devemos tratar a luta de nossas culturas? O fato é que é importante experimentar as práticas culturais de maneira significativa, reflexiva, entendendo o que se faz e porque se faz. Sendo assim, investigar, vivenciar e conhecer a própria cultura a partir de questões que ajudem a desmistificar julgamentos e preconceitos se faz urgente e necessário. É importante não reforçar ideias que atrapalhem a compreensão dos alunos sobre a razão de se comemorar datas, festas populares e outras manifestações culturais.
Na semana que antecedeu a comemoração do Carnaval em nosso país, acompanhei professores em suas tentativas de avançar nessa discussão, fazendo rodas de conversa com a meninada, exibindo documentários, entrando no jogo simbólico e brincando com as crianças, pesquisando instrumentos e criando ritmos, inventando trajes e fantasias. Isso me transportou para as raízes culturais que podem ser bases de importantes aprendizagens na escola e fora dela.
Todo ano tem Carnaval e outras festas populares da nossa cultura e, para nós, professores, isso vem junto com algumas questões que precisamos discutir com os colegas nas escolas… Como vamos propiciar a interação e o conhecimento, pelos alunos, das manifestações e tradições culturais brasileiras? E mais: como construir um projeto em que as datas comemorativas sejam trabalhadas de maneira mais crítica e reflexiva? Qual o papel das experiências culturais na escola? Nossos alunos têm percebido que também são produtores de cultura? Como nós, professores, contribuímos para essa percepção?
Vamos pensar sobre tudo isso… E viver as experiências culturais, na escola, como legítimas oportunidades de muitas aprendizagens…
- Texto originalmente publicado na rede Professores Transformadores.