Professora da educação Infantil não é babá

Tempo de leitura: 4 minutos

Babás cuidam de crianças, professores também.

Durante muito tempo, essa comparação era feita por muitas famílias, profissionais de outras áreas e por grande parte de pessoas da nossa sociedade. Bastava a mulher se apresentar como professora de crianças pequenas que esse argumento logo aparecia. 

Eu mesma já senti essa comparação até de outros colegas professores, numa demonstração de total desconhecimento do trabalho dos professores da educação infantil na escola.

Babás são as profissionais responsáveis pelo cuidado  e entretenimento de crianças no ambiente doméstico e talvez esse seja o motivo da nossa equiparação: cuidar de crianças. Mas não é por aí. Por isso, vamos entender e encerrar de vez com esse equívoco.

Cuidar e educar

Nas instituições que atendem bebês e crianças, especialmente nas creches, a visão de uma educação infantil compensatória, de ordem sanitária, alimentar e que dizem respeito a assistência social, contribuíram muito para a construção desse conceito assistencialista no imaginário coletivo.

E nesse contexto, qualquer mulher que gostasse de criança ou que fosse mãe, podia se candidatar ao trabalho. Não era exigida formação específica. Com a constituição de políticas públicas específicas para a infância, surgem leis, documentos, diretrizes que formalizam e qualificam o trabalho da professora de bebês e crianças pequenas.  

E, apesar de aparentar ser um local de assistência à criança, as creches e instituições de educação infantil assumem funções que integram o cuidar e educar de maneira indissociável.

Educação Infantil: Cuidados, Brincadeiras e Interações

As instituições de educação infantil hoje propiciam não só situações de cuidados, mas também brincadeiras, interações e aprendizagens orientadas de forma integrada que contribuem para o desenvolvimento das capacidades infantis de relações interpessoais, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança.

A educação infantil se constitui num espaço social privilegiado para o acesso aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural, para o desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas da criança. E para isso ela precisa de um adulto competente, um profissional de educação infantil.

Professores de Educação Infantil são Profissionais de Educação

Diante desse novo contexto, a partir das DCNEI (Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil) e  mais recentemente com a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) estamos vivendo essa transição entre o amadorismo e profissionalismo. Escrevi sobre o novo papel do Professor da Educação Infantil nesse texto aqui, https://fernandaclimaco.com.br/qual-e-o-papel-do-professor-da-infancia-na-bncc/

Sabe-se do quanto ainda precisamos avançar nas políticas de formação, o Brasil é imenso e são muitas as desigualdades. Há também que se considerar a bem-vinda presença masculina nesse contexto( quero falar mais sobre esse tema num próximo texto. Aguarde!). Com a clareza de que estamos em um processo de transição, entende-se hoje que para ser professor(a) na Educação Infantil é exigido o mínimo de formação no magistério ou no curso superior de Pedagogia. Ou seja, estudar é preciso!

A formação específica de nível técnico ou superior eleva o nível dos professores das escolas e o trabalho docente com os bebês e crianças pequenas. Mas essa formação não se encerra aí. Ao contrário, a exigência de se manter atualizado, de se transformar na educação infantil é cada vez maior. Com as babás e todos os outros profissionais também funciona assim, quanto maior a formação, mais qualificado o profissional se torna. Abrem-se novas oportunidades na carreira.

Professora é Professora, Babá é Babá. E ponto.

Essa comparação não faz sentido. Estamos dizendo de diferentes profissionais em diferentes contextos e cada um com suas especificidades.

Há valor em todos os trabalhos, desde que executados com seriedade e competência. E diante disso, o importante é que se possa constituir uma grande rede de proteção a infância, com profissionais que sabem da importância dessa etapa inaugural da vida de um ser humano.

Não seja amador, seja profissional.

E é essa a exigência da Educação Infantil em todas as escolas desse planeta: que suas professoras e professores não sejam amadores agindo no improviso cotidiano.

Que sejam profissionais verdadeiramente qualificadas e motivadas para viver a profissão intensamente com as crianças e suas famílias! Uma professora de educação infantil é um adulto competente, preparado, é pesquisadora da própria prática pedagógica, planeja, registra, avalia e comunica as aprendizagens da meninada. É uma profissional que conhece e trabalha a partir dos Direitos de Aprendizagem das crianças, reconhece o protagonismo infantil e dá vez e voz aos pequenos.

É uma eterna aprendiz, em formação constante, “uma companheira de aventuras das crianças” na jornada da construção do conhecimento e das relações, como bem diz a prof.Marília, uma grande inspiração…

Se identificou? Como está se atualizando, cuidando da sua formação?

Vamos saber mais sobre Educação Infantil, vem que eu te ajudo!